Marcelo Sales é um empreendedor, e um nerd, e tem muito orgulho disso. O
primeiro negócio dele foi vender suco de uva na rua, e foi aí que as
conexões começaram a mover sua vida. Sem dúvida, essa é uma das
histórias mais incríveis do empreendedorismo brasileiro, contada com
maestria e bom-humor fantásticos. Coragem, perseverança, confiança e determinação.Assista ao Day1 promovido pela Endeavor Brasil.
By CAMILA GUIMARÃES E LUIZA KARAM, COM ISABELLA AYUB
"A educação moderna exagerou no culto à autoestima – e produziu adultos que se comportam como crianças. Como enfrentar esse problema"
Os alunos do 3º ano de uma das melhores escolas de ensino médio dos
Estados Unidos, a Wellesley High School, em Massachusetts, estavam
reunidos, numa tarde ensolarada no mês passado, para o momento mais
especial de sua vida escolar, a formatura. Com seus chapéus e becas
coloridos e pais orgulhosos na plateia, todos se preparavam para ouvir o
discurso do professor de inglês David McCullough Jr. Esperavam, como
sempre nessas ocasiões, uma ode a seus feitos acadêmicos, esportivos e
sociais. O que ouviram do professor, porém, pode ser resumido em quatro
palavras: vocês não são especiais. Elas foram repetidas nove vezes em 13
minutos. “Ao contrário do que seus troféus de futebol e seus boletins
sugerem, vocês não são especiais”, disse McCullough logo no começo.
“Adultos ocupados mimam vocês, os beijam, os confortam, os ensinam, os
treinam, os ouvem, os aconselham, os encorajam, os consolam e os
encorajam de novo. (...) Assistimos a todos os seus jogos, seus
recitais, suas feiras de ciências. Sorrimos quando vocês entram na sala e
nos deliciamos a cada tweet seus. Mas não tenham a ideia errada de que
vocês são especiais. Porque vocês não são.”
O que aconteceu nos dias seguintes deixou McCullough atônito. Ao chegar
para trabalhar na segunda-feira, notou que havia o dobro da quantidade
de e-mails que costumava receber em sua caixa postal. Paravam na rua
para cumprimentá-lo. Seu telefone não parava de tocar. Dezenas de
repórteres de jornais, revistas, TV e rádio queriam entrevistá-lo. Todos
queriam saber mais sobre o professor que teve a coragem de esclarecer
que seus alunos não eram o centro do universo. Sem querer, ele tocara
num tema que a sociedade estava louca para discutir – mas não tinha
coragem. Menos de uma semana depois, McCullough fez a primeira aparição
na TV. Teve de explicar que não menosprezava seus jovens alunos, mas
julgava necessário alertá-los. “Em 26 anos ensinando adolescentes, pude
ver como eles crescem cercados por adultos que os tratam como
preciosidades”, disse ele a ÉPOCA. “Mas, para se dar bem daqui para a
frente, eles precisam saber que agora estão todos na mesma linha, que
nenhum é mais importante que o outro.”
A reação ao discurso do professor McCullough pode parecer apenas mais
um desses fenômenos de histeria americanos. Mas a verdade é que ele
tocou numa questão que incomoda pais, educadores e empresas no mundo
inteiro – a existência de adolescentes e jovens adultos que têm uma
percepção totalmente irrealista de si mesmos e de seus talentos. Esses
jovens cresceram ouvindo de seus pais e professores que tudo o que
faziam era especial e desenvolveram uma autoestima tão exagerada que não
conseguem lidar com as frustrações do mundo real. “Muitos pais modernos
expressam amor por seus filhos tratando-os como se eles fossem da
realeza”, afirma Keith Campbell, psicólogo da Universidade da Geórgia e
coautor do livro Narcisism epidemic (Epidemia narcisista), de
2009, sem tradução para o português. “Eles precisam entender que seus
filhos são especiais para eles, não para o resto do mundo.”
Em português, inglês ou chinês, esses filhos incensados desde o berço
formam a turma do “eu me acho”. Porque se acham mesmo. Eles se acham os
melhores alunos (se tiram uma nota ruim, é o professor que não os
entende). Eles se acham os mais competentes no trabalho (se recebem
críticas, é porque o chefe tem inveja do frescor de seu talento). Eles
se acham merecedores de constantes elogios e rápido reconhecimento (se
não são promovidos em pouco tempo, a empresa foi injusta em não
reconhecer seu valor). Você conhece alguém assim em seu trabalho ou em
sua turma de amigos? Boa parte deles, no Brasil e no resto do mundo, foi
bem-educada, teve acesso aos melhores colégios, fala outras línguas e,
claro, é ligada em tecnologia e competente em seu uso. São bons, é fato.
Mas se acham mais do que ótimos.
“Esse grupo tem dificuldade em aceitar críticas e tarefas que não
consideram a sua altura”, diz Daniela do Lago, especialista em
comportamento no trabalho e professora da Fundação Getulio Vargas.
Daniela conta que, recentemente, uma das empresas para a qual dá
consultoria selecionava candidatos ao cargo de supervisor. A gerente do
departamento de marketing fazia as entrevistas, e uma de suas
estagiárias a procurou, se candidatando ao cargo. A gerente disse que
gostara da iniciativa ousada, mas respondeu que a moça ainda não estava
madura nem preparada para assumir a função. Ela fora contratada havia
apenas dois meses. Mesmo assim não gostou da resposta. “Achou que sofria
perseguição”, diz Daniela. Dentro das empresas brasileiras, esse tipo
de comportamento já foi identificado como a principal causa da
volatilidade da mão de obra jovem. A Page Personnel, uma das maiores
empresas de recrutamento de jovens em início de carreira, fez um
levantamento entre brasileiros de até 30 anos sobre suas expectativas de
promoção. Quase 80% responderam que pretendem mudar de empresa se não
forem promovidos.
A expectativa exagerada dos jovens foi detectada no livro Generation me (Geração eu),
escrito em 2006 por Jean Twenge, professora de psicologia da
Universidade Estadual de San Diego. No trabalho seguinte, em parceria
com Campbell, ela vasculhou os arquivos de uma pesquisa anual feita
desde os anos 1960 sobre o perfil dos calouros nas universidades.
Descobriu que os alunos dos anos 2000 tinham traços narcisistas muito
mais acentuados que os jovens das três décadas anteriores. Em 2006, dois
terços deles pontuaram acima da média obtida entre 1979 e 1985. Um
aumento de 30%. “O narcisismo pode levar ao excesso de confiança e a uma
sensação fantasiosa sobre seus próprios direitos”, diz Campbell.
Os maiores especialistas no assunto concordam que a educação que esses
jovens receberam na infância é responsável por seu ego inflado e
hipersensível. E eles sabem disso. Uma pesquisa da revista Time e
da rede de TV CNN mostrou que dois terços dos pais americanos acreditam
que mimaram demais sua prole. Sally Koslow, uma jornalista aposentada,
chegou a essa conclusão depois que seu filho, que passara quatro anos
estudando fora de casa e outros dois procurando emprego, voltou a morar
com ela. “Fizemos um superinvestimento em sua educação e acompanhamos
cada passo para garantir que ele tivesse sua independência”, diz ela.
“Ao ver meu filho de quase 30 anos andando de cueca pela sala, percebi
que deveria tê-lo deixado se virar sozinho.”
A mensagem
Para os mimados É possível combater na vida adulta os efeitos de uma criação permissiva demais Para os pais Inflar a autoestima das crianças não é o melhor caminho para o sucesso delas na vida adulta
Que criação é essa que, mesmo com a garantia da melhor educação e sem
falta de atenção dos pais, produz legiões de narcisistas com dificuldade
de adaptação? Os estilos de criação modernos têm em comum duas
características. A primeira é o esforço incansável dos pais para
garantir o sucesso futuro de sua prole – e esse sucesso depende, mais do
que nunca, de entrar numa boa universidade e seguir uma carreira
sólida. Nos Estados Unidos, a tentativa de empacotar as crianças para
esse modelo de vida começa desde cedo. Escolas infantis selecionam bebês
de 2 anos por meio de testes. Isso acontece no Brasil também. No
colégio paulista Vértice, um dos mais bem classificados no ranking do
Enem, há fila para uma vaga no jardim da infância.
O segundo pilar da criação moderna está na forma que os pais
encontraram para estimular seus filhos e mantê-los no caminho do
sucesso: alimentando sua autoestima. É uma atitude baseada no Movimento
da Autoestima, criado a partir das ideias do psicoterapeuta canadense
Nathaniel Branden, hoje com 82 anos. Em 1969, ele lançou um livro
pregando que a autoestima é uma necessidade humana. Não atendida, ela
poderia levar a depressão, ansiedade e dificuldades de relacionamento.
Para Branden, a chave para o sucesso tanto nas relações pessoais quanto
profissionais é nutrir as pessoas com o máximo possível de autoestima
desde crianças. Tal tarefa, diz ele, cabe sobretudo a pais e
professores. Foi uma mudança radical na maneira de olhar para a questão.
Até a década de 1970, os pais não se preocupavam em estimular a
autoestima das crianças. Temiam mimá-las. O movimento de Branden chegou
ao auge nos Estados Unidos em 1986, quando o então governador da
Califórnia, George Deukmejian, assinou uma lei criando um grupo de
estudos de autoestima. Os pesquisadores deveriam descobrir como as
escolas e as famílias poderiam estimulá-la.
Os pais reuniram esses dois elementos – o desejo de ver o filho se dar
bem na vida e a ideia de que é preciso estimular a autoestima – e
fizeram uma tremenda confusão. Na ânsia de criar adultos competentes e
livres de traumas, passaram a evitar ao máximo criticá-los. O elogio
virou obrigação e fonte de trapalhadas. Para fazer com que as crianças
se sintam bem com elas mesmas, muitos pais elogiam seus filhos até
quando não é necessário. O resultado é que eles começam a acreditar que
são bons em tudo e criam uma imagem triunfante e distorcida de si
mesmos. Como distinguir o elogio bom do ruim? O exemplo mais comum de
elogio errado, dizem os psicólogos, é aquele que premia tarefas banais.
Se a criança sabe amarrar o tênis, não é necessário parabenizá-la por
isso todo dia. Se o adolescente sabe que é sua obrigação diária ajudar a
tirar a mesa, diga apenas obrigado. Não é preciso exaltar sua
habilidade em dobrar a toalha. Os elogios mais inadequados são feitos
quando não há nada a elogiar. Se o time de futebol do filho perde de
goleada – e o desempenho dele ajudou na derrota –, não adianta dizer:
“Você jogou bem, o que atrapalhou foi o gramado ruim”. Isso não é
elogio. É mentira.
Para piorar, um grupo de psicólogos afirma agora que a premissa
fundamental do movimento da autoestima estava errada. “Há poucas e
fracas evidências científicas que mostram que alta autoestima leva ao
sucesso escolar ou profissional”, diz Roy Baumeister, professor de
psicologia da Universidade Estadual da Flórida. Ele é responsável pela
mais extensa e detalhada revisão dos estudos feitos sobre o tema desde a
década de 1970. Descobriu que a autoestima alta é provocada pelo
sucesso – não é causa dele. Primeiro vêm a nota boa e a promoção no
trabalho, depois a sensação de se sentir bem – não o contrário. “Na
verdade, a autoestima elevada pode ser muitas vezes contraproducente.
Ela produz indivíduos que exageram seus feitos e realizações.” Outra de
suas conclusões é que o elogio mal aplicado pode ser negativo. “Quando
os elogios aos estudantes são gratuitos, tiram o estímulo para que os
alunos trabalhem duro”, afirma.
Narcisistas sem rumo
Com uma visão distorcida de suas qualidades, com dificuldade para lidar
com as críticas e aprender com seus erros, muito jovens narcisistas não
conseguem se acertar em nenhuma carreira. Outros vão parar na terapia.
Esses jovens acham que podem muito. Quando chegam à vida adulta,
descobrem que simplesmente não dão conta da própria vida. Ou sentem uma
insatisfação constante por achar que não há mais nada a conquistar. Eles
são estatisticamente mais propensos a desenvolver pânico e depressão.
Também são menos produtivos socialmente.
Em terapia desde os 15 anos, Priscila Pazzetto tem hoje 25 e não
hesita em dizer que foi e ainda é mimada. “Uma vez pedi para minha mãe
me pôr de castigo, porque não sabia como era”, afirma. Os pais se
referem a ela como “nossa taça de champanhe”, a caçula de três irmãos
que veio brindar a felicidade da família num momento em que seu pai
lutava contra um câncer. “Nasci no Ano-Novo. Quando assistia às chuvas
de fogos na TV, meus pais diziam que aquilo tudo era para mim, para
comemorar meu aniversário”, diz Priscila.
Quando cresceu, nada disso a ajudou a terminar o que começava. Tentou
inglês, teatro, tênis, caratê, futebol, jiu-jítsu e natação. Interrompeu
até o hipismo, pelo qual era apaixonada. Estudou em sete colégios
particulares de São Paulo e, com frequência, seu pai precisou interferir
para que ela passasse de ano. Passou em três vestibulares, mas não
concluiu nenhum curso superior. “Simplesmente não me sinto motivada a ir
até o fim”, afirma. Ainda morando com os pais, Priscila acaba de fazer
um curso técnico de maquiagem e diz que arrumou emprego na butique de
uma amiga. Tenta de novo começar.
Claro, nem todos da turma do “eu me acho” estão sem rumo. Muitos são
empreendedores bem-sucedidos, e seu estilo de vida – independente,
inquieto, individualista – tem defensores ferozes. Um deles é a
escritora americana Penelope Trunk, uma ex-jogadora de vôlei de praia
que se tornou a maior propagandista da geração nascida na década de
1980, chamada nos Estados Unidos de geração Y. “Qual o problema em se
sentir o máximo?”, diz ela. “Se você se sente incrível, tem mais chances
de fazer coisas incríveis, sem ligar para pessoas que recomendam o
contrário.” Quando os integrantes da turma do “eu me acho” conseguem
superar o fato de não ser perfeitos e se põem a usar com dedicação a
excelente bagagem técnica e cultural que receberam, coisas muito boas
podem acontecer.
Aos 20 anos, no início de sua carreira, o paulistano Roberto Meirelles,
hoje com 26, conseguiu seu primeiro estágio. Seu sonho era se tornar
diretor de arte. Morava com a mãe numa casa confortável, tinha seu
próprio carro e não sofria nenhuma pressão para sair de casa. Resolveu
trabalhar até de graça. Aos 24 anos, foi promovido e assumiu o cargo que
almejava. Chamou os amigos e deu uma festa. Seus pais ficaram
orgulhosos. Sete meses depois, assinou sua carta de demissão. Não era
aquilo que ele realmente queria. Seus antigos colegas de trabalho riram
ao ouvir que ele estava deixando a agência para “fazer algo em que
acreditava”. Seus pais não compreenderam o que ele queria dizer com
“curadoria de conhecimento”, expressão que usou para definir seu
empreendimento. Apesar da descrença geral, ele foi em frente e criou com
dois amigos uma empresa que seleciona informação e organiza estudos
sobre temas diversos, para vendê-los no mercado corporativo e para
pessoas físicas. Com dois anos recém-completados, a Inesplorato
conseguiu faturamento de R$ 1,4 milhão. “Minha maior conquista foi
conseguir ganhar dinheiro com uma ideia própria. Eu amo isso”, diz
Meirelles.
Uma das conclusões a que o psicólogo Baumeister chegou na revisão dos
estudos sobre autoestima pode servir de esperança para os jovens da
geração “eu me acho” que ainda estão perdidos: a autoestima produz
indivíduos capazes de fazer grandes reviravoltas em sua vida. Justamente
por ter um ego exaltado, eles têm a ferramenta para ser mais
persistentes depois de um fracasso. Em seu último livro, Força de vontade
(Editora Lafonte), Baumeister dá outra dica de como conduzir a vida:
ter controle dos próprios impulsos é mais importante que a autoestima
como fator de sucesso. “A força de vontade é um dos ingredientes que nos
ajudam a ter autocontrole. É a energia que usamos para mudar a nós
mesmos, o nosso comportamento, e tomar decisões”, disse ele a ÉPOCA no
ano passado.
Também há esperança para os pais que se pegam diariamente na dúvida
sobre como lidar com suas crianças. Muitos deles conseguem criar seus
filhos equilibrando limite e afeto e ensinando a lidar com frustrações
sem ferir a autoestima (leia os quadros acima). Na casa de
Maria Soledad Más, de 49 anos, e Helder, de 35, pais de Natália, de 9
anos, e Mariana, de 11, os direitos estão ligados ao merecimento e a
responsabilidades. “As meninas aprenderam a lidar com erros e
frustrações desse jeito”, diz Helder. Para Mariana, uma frustração é não
ter celular, já que a maioria das amiguinhas tem seu próprio aparelho.
“Explico a ela que ter celular envolve responsabilidade e que ela é
muito nova”, diz a mãe. “Claro que esse assunto sempre volta à tona, mas
não incomoda. Ela acata bem nossas decisões.”
Esses modelos de criação domésticos são chamados pelos psicólogos de
“estilo parental”. Não é uma atitude isolada ou outra. É o clima
emocional criado na família graças ao conjunto de ações dos pais para
disciplinar e educar os filhos. Eles começaram a ser estudados em 1966
pela psicóloga Diana Baumrind, pesquisadora da Universidade da
Califórnia em Berkeley. De acordo com sua observação, ela dividiu os
pais em três tipos: os autoritários, os permissivos e aqueles que têm
autoridade, os competentes. O melhor modelo detectado por psicólogos,
claro, são os pais competentes. Eles são exigentes – sabem exercer o
papel de pai ao impor limites e regras que os filhos devem respeitar –,
mas, ao mesmo tempo, são flexíveis para escutar as demandas das crianças
e ceder, se julgarem necessário. A criança pode questionar por que não
pode brincar antes de fazer o dever de casa, e eles podem topar que ela
faça como queira, contanto que o dever seja feito em algum momento. Mas
jamais admitirão que a criança não cumpra com sua obrigação. Ao dar
limites, podem ajudar o filho a aprender a escolher e a administrar seu
tempo. Os filhos de pais competentes costumam ser muito responsáveis,
seguros e maduros. Têm altos índices de competência psicológica e baixos
índices de disfunções sociais e comportamentais .
Os piores resultados vêm da criação de pais negligentes. Eles não são
exigentes, não impõem limites e nem estão abertos a ouvir as demandas
dos filhos. Segundo pesquisas brasileiras – com amostras pequenas, que
não devem ser tomadas como definitivas –, esse é o estilo parental que
predomina no país nos últimos anos. Quando se fala em estilo negligente
de criação, isso não quer dizer que a criança está abandonada e não
receba o suficiente para suprir suas necessidades materiais e de afeto. O
problema é mais sutil. Com medo de parecer repressores, esses pais
hesitam em impor limites. “É uma interpretação errônea dos modelos
educacionais propostos a partir da década de 1970. Eles pregavam que a
criança não deveria ser cerceada para que pudesse manifestar todo seu
potencial”, diz Claudete Bonatto Reichert, professora do Departamento de
Psicologia da Universidade Luterana do Brasil. “Provavelmente, a culpa
que os pais sentem por trabalhar fora leva a isso.”
Se parece difícil implantar em sua casa o modelo dos pais com
autoridade, ainda há outra esperança. Nem todos concordam que os pais
sejam totalmente responsáveis pela formação da personalidade dos filhos.
A psicóloga britânica Judith Harris, de 74 anos, ficou famosa por
discordar do tamanho da influência dos pais na criação dos filhos. Para
ela, se os filhos lembram em algo os pais, não é graças à educação, mas à
genética. “Os pais assumem que ensinaram a seus filhos comportamentos
desejáveis. Na verdade, foram seus genes”, afirma. O resto, diz Judith,
ficará a cargo dos amigos, a quem as crianças se comparam. É por isso
que ela acha inútil tentar dar aos filhos uma criação diferente da turma
do “eu me acho”. “Houve uma mudança enorme na cultura”, afirma. “As
crianças são vistas como infinitamente preciosas. Recebem elogios demais
não só em casa, mas em qualquer lugar aonde vão. O modelo de criação
reflete a cultura.”
“Ficar com muita gente é fácil”, diz um amigo meu, com pouco mais de 25 anos. “Difícil é achar alguém especial”. Faz
algum tempo que tivemos essa conversa. Ele tentava me explicar por que,
em meio a tantas garotas bonitas, a tantas baladas e viagens, ele não
se decidia a namorar.
Ele não disse que estava sobrando
mulher. Não disse que seria um desperdício escolher apenas uma. Não
falou em aproveitar a juventude ou o momento e nem alegou que teria
dificuldade em escolher. Disse apenas que é difícil achar alguém
especial.
Na hora, parado com ele na porta do elevador,
aquilo me pareceu apenas uma desculpa para quem, afinal, está curtindo a
abundância. Foi depois que eu vim a pensar que existe mesmo gente
especial, e que é difícil topar com uma delas.
Claro, o
mundo está cheio de gente bonita. Também há pessoas disponíveis para
quase tudo, de sexo a asa delta. Para encontrar gente animada, basta ir
ao bar, descobrir a balada, chegar na festa quando estiver bombando. Se
você não for muito feio ou muito chato, vai se dar bem. Se você for
jovem e bonita, vai ter possibilidade de escolher. Pode-se viver assim
por muito tempo, experimentando, trocando de gente sem muita dor e quase
sem culpa, descobrindo prazeres e sensações que, no passado, estariam
proibidos, especialmente às mulheres.
Mas talvez isso tudo não seja suficiente.
Talvez
seja preciso, para sentir-se realmente vivo, um tipo de sensação que
não se obtém apenas trocando de parceiro ou de parceira toda semana.
Talvez seja preciso, depois de algum tempo na farra, ficar apaixonado.
Na verdade, ficar apaixonado pode ser aquilo que nós procuramos o tempo
inteiro – mas isso, diria o meu jovem amigo, exige alguém especial.
Desde
que ele usou essa fatídica expressão, eu fiquei pensando, mesmo contra a
minha vontade, sobre o que seria alguém especial, e ainda não encontrei
uma resposta satisfatória. Provavelmente porque ela não existe.
Você
certamente já passou pela sensação engraçada de ouvir um amigo
explicando, incansavelmente, por que aquela garota por quem ele está
apaixonado é a mulher mais linda e mais encantadora do mundo – sem que
você perceba, nela, nada de especial. OK, a garota é bonitinha. OK, o
sotaque dela é charmoso. Mas, quem ouvisse ele falando, acharia que está
namorando a irmã gêmea da Mila Kunis. Para ele ela é única e quase
sobrenatural, e isso basta.
Disso se deduz, eu acho, que a pessoa especial é aquela que nos faz sentir especial.
Tenho
uma amiga que anda apaixonada por um sujeito que eu, com a melhor boa
vontade, só consigo achar um coxinha. Mas o tal rapaz, que parece que
nasceu no cartório, faz com que ela se sinta a mulher mais sensual e
mais arrebatada do planeta. É uma química aparentemente inexplicável
entre um furacão e um copo de água mineral sem gás, mas que parece
funcionar maravilhosamente. Ela, linda e selvagem como um puma da
montanha, escolheu o cara que toma banho engravatado, entre tantos
outros que se ofereciam, por que ele a faz sentir-se de um modo que
ninguém mais faz. E isso basta.
É preciso admitir que há
gente que parece especial para todo mundo. Não estou falando de atores e
atrizes ou qualquer dessas celebridades que colonizam as nossas
fantasias sexuais como cupins. Falo de gente normal extremamente
sedutora. Isso existe, entre homens e entre mulheres. São aquelas
pessoas com quem todo mundo quer ficar. Aquelas por quem um número
desproporcional de seres humanos é apaixonado. Essas pessoas existem,
estão em toda parte, circulam entre nós provocando suspiros e viradas de
pescoço, mas não acho que sejam a resposta aos desejos de cada um de
nós. Claro, todo mundo quer uma chance de ficar com uma pessoa dessas.
Mas, quando acontece, não é exatamente aquilo que se imaginava. Você
pode descobrir que a pessoa que todo mundo acha especial não é especial
para você.
Da minha parte, tendo pensado um pouco, acho
que a pessoa especial é aquele que enche a minha vida. Ela é a resposta
às minhas ansiedades. Ela me dá aquilo que eu nem sei que eu preciso –
às vezes é paz, outras vezes confusão. Eu tenho certeza que ela é linda
por que não consigo deixar de olhá-la. Tenho certeza que é a pessoa mais
sensual do mundo, uma vez que eu não consigo tirar as mãos dela.
Certamente é brilhante, já que ela fala e eu babo. E, claro, a mulher
mais engraçada do mundo, pois me faz rir o tempo inteiro. Tem também um
senso de humor inteligentíssimo, visto que adora as minhas piadas. Com
ela eu viajo, durmo, como, transo e até brigo bem. Ela extrai o melhor e
o pior de mim, faz com que eu me sinta inteiro.
Deve ser
isso que o meu amigo tinha em mente quando se referia a alguém
especial. Se for isso vale a pena. As pessoas que passam na nossa vida
são importantes, mas, de vez em quando, alguém tem de cavar um buraco
bem fundo e ficar. Essas são especiais e não são fáceis de achar.
Manifestos são poderosos catalisadores. Ao afirmar
publicamente suas opiniões e intenções, cria-se um pacto para agir. São
exemplos de Manifestos a Declaração de Independência do Brasil, a Declaração de Independência Americana, o Dogma 95 e o Firefox Web Browser. Se
você quer mudar o mundo, ou mesmo realizar uma pequena mudança, criar
um manifesto pessoal ou empresarial é um ótimo jeito para começar.
Antes de lançar a Behance em 2006, a empresa definiu um conjunto de crenças e princípios
que norteiam a empresa. Nos manifestos estão seus princípios e suas
crenças. E no caso de um manifesto empresarial para todas as decisões da
empresa, do planejamento do lançamento de um produto ou serviço à
contratação de um profissional, correspondem ao que está escrito no
manifesto.
Para exemplificar melhor o que está escrito acima, abaixo apresento 10 exemplos de manifestos:
6. Valorização do trabalho como idéia e da idéia de como o trabalho.
7. Fertilidade de imaginação.
8. Capacidade de fé e rebelião.
9. Desconsideração para a elegância comum.
10. Cooperação instintiva.
O manifesto foi escrito com o objetivo de orientar os aprendizes que trabalharam com ele em sua escola.
2. Manifesto Imperdoável do comerciante Seth Godin.
1. As maiores inovações parecem vir
daqueles que são auto-suficientes. Dos indivíduos que vão ao objetivo e
fazem alguma coisa de que vale a pena falar. Não sozinho, claro, mas
como instigador de uma equipe. Em duas palavras: não se acomode.
2. Os maiores comerciantes fazem duas coisas: eles tratam os clientes com respeito e eles medem.
3. Os maiores vendedores entendem que as pessoas resistem à mudança e que “não” é a maneira mais fácil de vender.
4. Os maiores blogueiros escrevem para os seus leitores, não para si mesmos.
5. O que existe a ‘curto prazo’, torna-se
rapidamente ontem. O que existe a longo prazo, por outro lado,
permanece por muito tempo.
6. A internet não esquece. E mais cedo ou mais tarde, a internet descobre.
7. Todo mundo é um comerciante, mesmo as
pessoas e organizações que não tem mercado. Na verdade, eles são apenas
os comerciantes que estão fazendo isso mal.
8. Organizações incríveis são aquelas em
que as pessoas recebem recompensas que mais do que compensam o esforço
necessário para ser tão bom.
5. Tenha uma meta para toda a sua vida,
uma meta para cada fase da sua vida, uma meta para um período mais curto
e uma meta para o ano, uma meta para cada mês, uma meta para cada
semana, um objetivo para cada dia, um objetivo para cada hora e cada
minuto, e sacrifique o menor objetivo pelo maior.
6. Mantenha-se longe das mulheres. (hahahaha sério?!)
7. Sacrifique o desejo pelo trabalho.
8. Seja bom, mas tente não deixar ninguém saber.
9. Sempre leve uma vida menos cara do que você pode pagar.
10. Não mude nada em seu estilo de vida, ao mesmo que você fique dez vezes mais rico.
5. Manifesto da Apple
1. Acreditamos que estamos na face da terra para fazer ótimos produtos.
2. Estamos constantemente focando em inovar.
3. Acreditamos no simples não no complexo.
4. Nós acreditamos que precisamos possuir
e controlar as principais tecnologias por trás dos nossos produtos e
participaremos apenas dos mercados onde podemos fazer uma contribuição
significativa.
5. Nós acreditamos em dizer não aos milhares de projetos para que possamos focar nos poucos que são significativos para nós.
6. Nós acreditamos em colaboração profunda e polinização cruzada, a fim de inovar de uma forma que os outros não podem.
7. Não nós contetamos com outra coisa senão a excelência em qualquer grupo na empresa.
8. Nós temos a auto-honestidade de admitir quando estamos errados e coragem para mudar.
6. Manifesto Geração Empreendedora
7. Steve Blank
8. Nike - Not Without a Fight
9. The Holstee Manifesto
10. Movimento Comunicação
Qual é o seu Manifesto?
Você tem um manifesto pessoal que você gostaria de compartilhar?
1. “Uma pessoa comprometida procura sempre colocar-se no lugar das outras; sentir o que as outras sentem”
É como sempre digo, coloque-se no lugar de seus leitores e perceba se seu texto passa a idéia de forma clara e objetiva. Assim você pode ter a certeza de que vai agradar a maioria deles. Não use palavras desconhecidas e muito menos as invente, isso só vai fazer com que seu leitor não entenda.
2. “Uma pessoa comprometida faz tudo com atenção aos detalhes. Ela presta atenção em tudo que faz nos mínimos detalhes”
Mais uma das coisas que costumo citar aqui no Blog naCarteira, ações simples podem fazer toda a diferença, e como vocês podem ver a pesquisa não mente. Quando escrevemos um artigo que talvez milhares de pessoas irão ler é mais do que obrigação prestar atenção em cada palavra, em cada virgula e procurar não cometer erros de ortografia.
Aplicando esta frase no seu blog temos a seguinte conclusão: Cada parte de seu blog deve receber sua atenção. Você tem que perceber se seus visitantes sentem falta de algum widgets ou se seus artigos estão escritos da melhor maneira que você é capaz de fazê-lo. Atitudes simples podem significar a satisfação de muitos leitores.
3. “Uma pessoa comprometida termina o que começa e não deixa as coisas pela metade”
É muito comum ouvir de vários blogueiros, assim como você, que geralmente escreve um artigo intercalando a escrita com alguns minutos de descanso. Claro que um artigo que você demore mais de uma hora, um descanso sempre é muito bem vindo, mais artigos que demoram menos de uma hora para escrever não necessitam de descanso, visto que isso só vai te fazer perder o foco.
É perfeitamente possível escrever por 45 minutos sem intervalo e conseguir passar sua idéia de forma clara e concisa esbanjando qualidade. Por isso evite ao máximo fazer paradas quando esta a escrever um artigo, isso só vai lhe tirar o foco.
4. “Uma pessoa comprometida vem com soluções e não com mais problemas quando tem uma tarefa a cumprir”
Você sempre terá que focar em solucionar possíveis problemas que você poderá ter em seu blog. Problemas são comuns em qualquer lugar e a qualquer momento, por isso não se abata quando avistar um, apenas busque solucioná-lo o mais rápido possível.
Se tratando de blogs, é comum termos problemas com links quebrados, paginas “desotimizadas” com o passar do tempo, inatividade por conta de erros no servidor, entre muitos outros. Sua função como uma pessoa comprometida será solucionar o problema que encontrar e não deixar que Este erro se repita, assim você estará garantindo tempo para aplicar em coisas mais importantes e ainda a satisfação total de seus leitores.
5. “Uma pessoa comprometida pergunta o que não sabe e demonstra vontade de aprender. Vai fundo até dominar o que não sabe e deveria saber”
Aprender coisas novas é algo que faço todos os dias, seja lendo blogs como o Meta.Blog, Escola Dinheiro e Escola Freelancer, ou de qualquer outra maneira. Meu foco é APRENDER. Diversos blogueiros iniciantes desistem por não saber criar um site ou algo mais simples como qual é a real definição deSEO.
Quando encontro algum termo desconhecido eu procuro pelo significado e se preciso leio um texto gigante até entender. Isso é o que você também terá que fazer. Não desista por simples palavras desconhecidas ou por um programa que não saiba mexer, apenas tenha força de vontade e vá fundo no que você quer que tenho absoluta certeza de que obterá sucesso.
6. “Uma pessoa comprometida cumpre prazos e horários”
Esta característica é absolutamente obrigatória para aquelas pessoas que trabalham estritamente com a internet e faz serviços para terceiros (Freelancer), sendo assim tem prazos a cumprir de acordo com o combinado.
Claro que aquelas pessoas que apenas possuem um blog também possuem prazos a cumprir e horários, sendo assim seja organizado e cumpra suas obrigações a risca para evitar contratempos futuros. Se você se comprometeu a escrever três artigos por semana, cumpra com sua obrigação. Isso é o que seus leitores esperem de você.
7. “Uma pessoa comprometida não vive dando desculpas por seus atos e nem procura culpados pelos erros cometidos”
É importante frisar que todos nós somos humanos e cometemos erros, porém o parte errada de errar é fazê-lo e não se comprometer com os mesmos. É muito comum as pessoas errarem e atribuir seus erros a outras pessoas e acontecimentos. Seja honesto com si mesmo e assuma seus erros.
Uma das coisas mais importantes quando cometemos um erro é não aprender com ele. Quando eu cometo um erro você pode ter certeza que será a única vez que o farei.
Logicamente continuarei errando, pois como disse somos humanos, mais jamais cometerei o mesmo erro outra vez.
8. “Uma pessoa comprometida não vive reclamando da vida e falando mal das pessoas. Ela age para modificar a realidade”.
Não se baseie nos seus erros para analisar se deve continuar ou não na luta por um espaço na blogsfera. Você deverá se basear nos acertos e vitórias. Aqui mesmo no Blog na Carteira eu não consegui muitos subscritores ainda e muito menos seguidores e fãs, mais ao invés de pensar o que eu não consegui, eu penso em tudo que eu já consegui.
Como sempre falo: gerir um blog é ter paciência e persistência, por isso, quando estamos começando com um novo projeto, devemos nos espelhar no que almejamos e o que já conseguimos até o momento e não o que ainda falta. Essa é uma prática que além de te dar motivação, ainda vai te ajudar psicologicamente para todas as ações que for praticar no blog.
9. “Uma pessoa comprometida não desiste facilmente. Ela não descansa enquanto não resolve um problema. Ela vai atrás da solução”
Esta é uma característica que poderia ser dividida em três, porém como me foi apresentada junta, assim vou analisá-la.
É mais do que comum blogueiros iniciantes não passarem dos três meses de vida, seja por falta de motivação, ou falta de interesse em investir em um blog. Um conselho que te dou e que você pode ter certeza que no final dará certo é “não desista!”. Já pensei em desistir diversas vezes mais daí penso o quão será ruim se eu não ter o que escrever e não ter com quem compartilhar minhas idéias.
Quando temos um problema, como esse de não querer investir em nosso blog, é comum querermos desistir, pois todos falam que um blog para ter sucesso deverá ter investimento. Isso é totalmente verdade, porém quando realmente queremos algo nós devemos ir atrás. Se você não tem condições de tirar do próprio bolso, então arrume uma forma de ganhar dinheiro, algo como rifar alguma coisa, escrever um e-book, ou qualquer outra maneira. Se você realmente quiser, você saberá o que fazer.
10. “Uma pessoa comprometida está sempre pronta a colaborar com as outras. Ela participa. Dá idéias. Você pode contar com ela”
De fato essa é uma característica que todos nós devemos ter. Ajude ao próximo e ele o ajudará também. Um grande exemplo disso é o nosso amigo Paulo Faustino que mantém a Escola Dinheiro. Apesar de seu blog estar em um grande nível em todos os quesitos, ele responde a qualquer duvida que você tiver da mesma forma que responde o presidente da república.
Seja humilde e nunca cairá do cavalo, seja qual for a altura que estiver saltando. Sempre leio outros blogs e quando posso contribuir de alguma maneira tento fazer. Seja dando uma dica de artigo, ou complementando um artigo escrito. Isso me rende um bom número de amigos, e conseqüentemente obtenho o favor de volta.
Nesta semana, recebi por e-mail um vídeo do meu sócio. Ele comentou que tinha descoberto de onde vêm as grandes ideias. Na hora parei para assistir ao vídeo e também para descobrir de onde elas vêm.
Fantástica a definição de Steven Johnson de evolução das ideias e o surgimento delas. Parando para analisar e olhando para as minhas “grandes ideias”, isso faz total sentido.
Tive a ideia de montar uma agência há mais de cinco anos. Tentei abri-la algumas vezes, mas só há dois anos, quando conheci meus dois sócios, consegui executar isso. Por diversas vezes, mudei o foco da “abertura”, mudei estratégias, desenhei fluxos, serviços, processos... rascunhei inúmeras vezes! Deixei de lado esse “sonho” por um tempo e foquei em minha carreira.
Até que um dia, palestrando em um evento de grande importância em SP, após o painel, algumas pessoas me abordaram para tirar dúvidas do assunto que discuti. Até então, nada fora do normal. Quando estava saindo, dois rapazes me chamaram e comentaram que tinham gostado bastante da apresentação. Poderiam ser meus clientes. Me convidaram para bater um papo. Foram quatro reuniões até que, na última, veio a oportunidade: “vamos abrir uma agência especializada em e-commerce?”.
Depois de três anos, quando tive a primeira ideia, até então sem sócios, tive uma explosão de ideias. Mas agora faziam sentido, e aqueles milhares de rascunhos começaram a ter serventia. Conversando com eles posteriormente, passaram por processos similares, mas cada um em seu momento e estilo.
Acredito que isso seja a maior prova de que uma boa ideia – como diz Johnson em sua análise – tenha que passar por uma evolução e por uma colisão de ideias menores e conjuntas, para que, assim, evolua, cresça e faça sentido para você. Não apenas nós mesmos, as ideias também precisam passar por um processo de amadurecimento (evolução).
Minha conclusão – comece a trabalhar ou criar suas grandes ideias agora. Quem sabe daqui a dois, três, quatro ou cinco anos, você já não esteja trabalhando e com sucesso nelas?
Abraços!
Frequentemente caminhamos pela vida de olhos vendados. E muitas vezes esta não é uma condição involuntária. É incrível como fazemos questão de nos deixar enganar com medo de encarar algumas verdades. Preferimos seguir caindo nos mesmos buracos, alimentando tipos específicos de ilusão com a única finalidade de nos agarrarmos, desesperados como mendigos, a qualquer pequena felicidade.
Para nos libertar disso, a vida costuma dar golpes muito bem aplicados. A única opção é acordar por meio da dor e seguir em frente com a frágil esperança de não repetir os mesmos enganos.
Este texto é uma simulação tosca deste tipo de golpe. É apenas um alerta, uma leve ameaça para relembrá-lo de algumas verdades que você finge não ver. Longe de ser doloroso como aqueles chutes dos quais nos contorcemos só de imaginar. Longe de ser igual a ser surpreendido no erro. Muito longe.
1. Sua mulher vai dar para outro
Imagine que ela é sua namorada e ele não é você
Sentado com um amigo, em algum lugar, durante uma viagem. Ele sai para ir ao banheiro e, milagrosamente, uma mulher senta ao seu lado. Vocês começam a conversar e o papo flui magicamente. Sem dificuldade alguma vocês vão para o quarto. Depois de gozar, conversando, descobre que ela é casada há um mísero ano. Sua reação instintiva é chamar o marido dela de corno, todo orgulhoso. Você comeu mais uma e sai feliz, afinal, seu namoro está perfeito, parado no ponto em que deixou e ele é só mais um incompetente, incapaz de satisfazer a mulher que tem.
Esta mulher que você comeu é a sua e não a do outro. O casamento deles é o seu. O seu namoro pode estar passando por uma crise ou não, mas caso esteja tudo bem, você tende a achar que está imune. A verdade é que, quanto mais protegido, quanto mais pensar que esta hipótese é remota, mais dentro da merda está. Esta mulher que você comeu também chegou em casa tranquilamente e fez um sexo gostoso, cheio de saudades com o marido dela. Ele chegou e demarcou o território. Igualzinho a você.
Numa situação de maior comprometimento com os acordos do namoro ou casamento, ainda assim não estamos imunes a isso. Ela vai terminar e acabar construindo um outro lance. Provavelmente, você a verá dançando com alguém, sendo cortejada, rindo toda soltinha, até que o beijo ocorrerá na sua frente e apenas isso será suficiente para toda a cena do sexo se armar na sua mente. Um sexo bem melhor do que aquele que você fazia com ela. Agradeça à sua imaginação.
Sua mulher vai dar para outro a qualquer momento. Estamos todos fodidos desde já com nossos medinhos, com um gatilho armado, prestes a disparar essa realidade com um imenso potencial para nos deixar jogados no chão do banheiro, chorando em posição fetal. Nenhum relacionamento tem chance.
É melhor admitirmos o mais rápido possível que a regra é outra. Mesmo nossos avós estão se divorciando e a história que contam agora não é nem um pouco parecida com aquela que pensávamos conhecer durante a infância. Há muito mais traição, putaria e mentira do que nos contaram. “Para sempre” ou pelo menos “até que a morte os separe” é a exceção. Não importa o poder do seu controle, não há nada que você possa fazer para impedir sua mulher de trepar com outros a qualquer momento e a porra toda ir por água abaixo. Reconheça isso. Se não conseguir, você está muito mais fodido do que pensa.
2. Você não tem amigos
Onde estão seus amigos?
Dias difíceis sempre voltam. Sempre nos pegam no meio da ascensão e nos fazem lembrar da violência da força da gravidade. Nesses momentos, nada mais justo do que ir atrás dos amigos em busca de apoio.
As situações se repetem e nós já nos pegamos, diversas vezes, precisando de ajuda. Então, de repente, olhamos para os lados e estamos sozinhos. É nesse momento que nos vemos reclamando, sem saber em que direção seguir, já que não conseguiremos chorar as pitangas em nenhum ombro pré-definido.
É interessante notar como temos o hábito de agir baseados em pura politicagem e dar a isso o nome de amizade. Temos a mania de esperar que alguém faça algo por nós e de adicionar boas doses de culpa e amargura quando essas expectativas são quebradas. Ou seja, como volta e meia nos tolhemos pensando “ele é meu amigo, não vou fazer isso”, ficamos extremamente contrariados quando a recíproca não é verdadeira.
O que chamamos de amizade nada mais é do que um conjunto de expectativas mais ou menos definidas. Amigo é aquele que se move dentro desse cercadinho sem reclamar qualquer liberdade além dos limites. Por isso, relações de amizade vão se dissolvendo uma a uma com o decorrer dos anos. Este fenômeno ocorre pelo simples fato de que ninguém tem a obrigação de viver em função dos nossos caprichos e desejos. Os amigos, principalmente, têm a obrigação de não fazê-lo.
“Você não tem amigos” quer dizer, na realidade, que não há verdadeira amizade naquela base romantizada à qual estamos acostumados a encarar certas coisas. Ninguém deve algo a você. Ninguém tem a obrigação de salvá-lo ou consolá-lo. É até errado achar que alguém vai defendê-lo incondicionalmente, em qualquer circunstância. Agir no mundo o tempo inteiro, como se a salvação viesse de maneira inevitável, é preparar-se com carinho para o momento em que a vida virá fodê-lo bem gostoso.
Essa lógica da amizade nos infere que, se formos meninos bonzinhos e agirmos de acordo com os desejos de todos, teremos muitos amigos com quem contar.
Lógica, no meu dicionário, é algo que costuma falhar quando menos esperamos.
3. Ninguém precisa de você
Link Vimeo | Repare como o universo opera sem pausas. E perceba que você não está em frame algum deste vídeo
Você pensa que tem algum talento especial. Acha que saber tocar, cantar, escrever, atuar, programar um robô ou construir uma casa o torna alguém especial. Você acredita nos comentários elogiosos quando faz algo pelos outros. Olha para a sua vida e tem a nítida impressão de que é o personagem principal de uma grande trama cósmica, caminhando rumo ao cumprimento do seu destino.
Não é bem assim que os outros veem a coisa. Não importa o quanto você seja talentoso, esperto e bonito. Não importa o quanto você já tenha feito, muito provavelmente depois da sua morte será esquecido num tempo não muito longo.
Mesmo numa situação não tão extrema, sua posição no mundo também não significa tanta coisa. Você se considera essencial na empresa onde trabalha? Surpreenda-se ao se demitir e ver que a empresa segue sem maiores oscilações. Gosta de se autoafirmar por ter uma namorada apaixonada e acredita que ela o ama mais do que a qualquer outro? Tenho certeza que vai doer bastante quando ver as novas fotografias dela apaixonada por outra pessoa.
A verdade é que não interessa em nada o grau de importância que damos às nossas atividades, sentimentos ou intenções. O mundo seguirá sem grandes impactos quando desaparecermos.
4. Você não é e nunca será independente
Este é você. Aos 40 anos
Você precisou dos seus pais para alimentá-lo, ensiná-lo a falar, andar, levá-lo à escola. Lá teve uma professora que o ensinou a ler e escrever. Houve cozinheiras que fizeram lanches, pedagogas que acompanharam seu desempenho e corrigiram seus péssimos hábitos.
Hoje você é servido por um garçom no restaurante onde almoça todos os dias, pessoa essa que tem todo o poder de sacaneá-lo de forma épica caso você o destrate. Hoje, pessoas alternam-se em turnos para garantir que não faltará energia elétrica quando outras pessoas estiverem fazendo uma cirurgia em você. Engenheiros construíram os prédios onde você mora e trabalha. A água com a qual toma banho e escova os dentes só sai pela torneira porque houve alguém que se dedicou a levá-la até onde você mora. E ela ainda se mantém jorrando, pois há uma pessoa garantindo que isso continue acontecendo.
Não importa se você se dá conta do processo ou não, ele existe. Sempre existirá alguém que faz algo que você não é capaz de fazer. E esse algo provavelmente contribui de uma maneira essencial na sua vida, mesmo que não haja compreensão da sua parte.
O adolescente trancado no quarto talvez não tenha a noção precisa de que existe uma rede de pessoas, de ruas, de bairros, de cidades e de regiões constituindo um todo maior que é o seu país, o sistema capitalista/socialista/qualquer-coisaista, o planeta Terra, o sistema solar e o universo. No entanto, tudo isso está operando, seguindo mesmo sem sua aprovação. O universo todo está no seu quarto, quer ele saiba ou não.
Somos tão frágeis e dependentes como éramos quando bebês, aprendendo a caminhar e recebendo papinha na boca. É impossível se virar sozinho. Você sempre vai precisar de outras pessoas. É burrice achar que não precisa e não deve nada a ninguém.
Os pontos cegos
Se, por um lado, costumamos agir dentro desses padrões, por outro, estamos completamente livres para agir de forma diferente. Esses pequenos pontos cegos nada mais são do que isso. Apenas pontos cegos. Basta contemplar um pouco e eles tendem a desaparecer.
A dificuldade é que, frequentemente, nos esquecemos de iluminar estes pontos e eles voltam a ficar obscuros. A partir disso, começamos a agir cegamente outra vez, até que repitamos o processo todo.
Ao mesmo tempo, às vezes até estamos vendo, mas preferimos fingir que não. Parece ser mais fácil fechar os olhos e torcer para que nada disso seja verdade, torcer para que tudo permaneça dando certo até o final da vida, quando poderemos dizer que fizemos tudo direitinho.
O grande lance é que vamos voltar a acreditar em tudo isso, principalmente quando o relacionamento estiver feliz, o emprego pagando bem, os amigos presentes e nos fecharmos em nós mesmos. É o que queremos. A melhor coisa que pode nos acontecer é ter essas bases destruídas pelo menos uma vez. Se for tudo ao mesmo tempo, melhor ainda. Assim, poderemos verdadeiramente ver e sentir a fragilidade do que tomamos por sólido na vida.
Designer, estudante de Design de Produtos, apaixonado por ilustração, fotografia e música. Vocalista da banda Tranze (rock’n roll). Escreve, canta, compõe e twitta pelo @luciano_ribeiro.
É fantástico trabalhar com uma plataforma que evolua junto com a complexidade que enfrentamos em nosso dia-a-dia.
Olhando a evolução da linguagem vemos que paramos (ao menos deveriamos ter parado) de escrever certos tipos de código. Por exemplo, com a adição do iterator blocks e do anonymous methods no C# 2.0, o compilador pode armazenar a continuação de “o que vem depois” e encapsular em uma classe os métodos que acessam varíaveis locais.
Com o LINQ e o query comprehensions (C# 3.0) fica a cargo do compilador construir o modelo de objetos correto para construir as chamadas, árvores de expressão e simplifica muito a escrita de código que ordena, filtra, associa, agrupa e sumariza dados.
Hoje em dia vivemos a integração de sistemas. Desenvolvemos aplicativos .NET para rodar dentro de uma rede social em Python. Nossos aplicativos precisam tanto interoperar com sistemas legados quanto sistemas SAP. E para simplificar isso foi criado o dynamic type (C# 4.0), onde fica a cargo do compilador descobrir como gerar o código em tempo de compilação que faça a análise do Dynamic Language Runtime em tempo de execução.
Também estamos utilizando muito algoritmos de programação assíncronos. E a tendência, com sistemas baseados em nuvem, é popularizar esse tipo de algoritmo.
Com o C# 5.0 você será capaz de pegar esse código síncrono:
void ArchiveDocuments(List urls)
{
for(int i = 0; i < urls.Count; ++i) Archive(Fetch(urls[i]));
}
E implementando o FetchAsync e ArchiveAsync transformá-lo em:
async void ArchiveDocuments(List urls)
{
Task archive = null;
for(int i = 0; i < urls.Count; ++i)
{
var document = await FetchAsync(urls[i]);
if (archive != null) await archive;
archive = ArchiveAsync(document);
}
}
O compilador do C# 5.0 irá gerar o código da máquina de estado, os lambdas, as continuações e checar se a tarefa foi concluída para você. Show!
Esses recursos foram apresentados no último PDC pelo Anders Hejlsberg e atualmente está sendo desenvolvido o CTP do protótipo do compilador do C# 5.0.
Se você se animou com a notícia e quer saber mais visite Asynchronous Programming for C#.
Siga nosso blog e até a parte 2. Fique ligado!
Fonte: http://apolineosocial.blogspot.com/2011/01/prepare-se-para-o-c-5-parte-1.html
Criação de valor é uma expressão que aparece freqüentemente e em diversos contextos diferentes. O primeiro dos doze princípios do manifesto ágil, por exemplo, diz: “Nossa prioridade principal é satisfazer o cliente através de entrega rápida e contínua de software de valor”. A criação e a gestão do Valor são os fundamentos da administração moderna e do próprio capitalismo. Porém, muita gente (dentro e fora da área de desenvolvimento de software) não entende os detalhes do conceito de criação de valor. Dentro de nossa área é ainda mais clara essa defasagem, considerando as estatísticas que mostrei em um artigo anterior: Mais da metade dos projetos de TI não criam valor (e inclusive destroem valor das empresas) e 84% das organizações não fazem nenhum tipo de business case. Tenho certeza que o presidente da sua empresa gostaria que você entendesse com clareza esse conceito da criação (ou destruição) de valor :-). Porque toda a decisão que gera um desembolso de dinheiro visando ganhos no futuro, isto é, um investimento (como a contratação de um novo profissional, compra de um equipamento, um treinamento dado à equipe pela empresa, etc) visa em última instância sempre a criação de valor para a empresa.
Para explicar a criação de valor vamos partir bem do início e responder à seguinte pergunta: qual o objetivo de uma empresa privada dentro do sistema capitalista? A razão primária é simples e básica: gerar lucros para os donos (acionistas) da empresa. Porém, a simples geração de lucro por si só é necessária, mas não é suficiente e veremos o porquê.
O lucro, no final, precisa agregar valor à empresa.Essa criação de valor só ocorre quando há lucro econômico, conceito já descrito pelo economista Alfred Marshall no século XIX. O lucro econômico é “aquele que resta para os donos do empreendimento, após deduzir os juros sobre o capital de terceiros e o custo de oportunidade empregados”.
Vamos mostrar um rápido exemplo para entender porque o lucro líquido por si só não representa criação de valor para a empresa e o acionista. Vamos supor que um empreendedor invista 100.000 reais em um ano abrindo sua empresa (suponha também que esse investimento foi todo gasto em salários) e consiga no final deste mesmo ano um lucro líquido de 105.000 reais. Isto é, seu investimento no começo do ano de 100.000 reais teve um retorno de 5% em um ano. Do ponto de vista do lucro puro e simples esse investidor obteve 5.000 reais a mais. Mas com a atual taxa de juros básica do Brasil, esse foi um investimento destruidor de valor neste ano específico. Porque se ele investisse em um ativo financeiro livre de risco, como um título público do governo brasileiro, poderia obter em torno de 8% (já sem impostos). Vale lembrar que o título de dívida pública possui um risco extremamente baixo, diferentemente de investir o dinheiro em uma empresa própria que possui um risco muitas vezes maior. Portanto o custo de oportunidade desse investimento teria de ser ainda maior que 8%. Isso explica muito o motivo da economia brasileira crescer tão pouco em períodos de juros altos: Por que vou correr o risco de empreender, se posso investir meu dinheiro no governo e ganhar quase a mesma coisa correndo risco quase zero?
Desse modo, para considerar se uma empresa criou valor em um período de tempo (portanto, criou lucro econômico) temos que descontar seus fluxos de caixa por um determinado custo de capital (às vezes chamado de custo de oportunidade, taxa mínima de atratividade ou taxa de desconto). Na sua essência, a taxa mínima de atratividade deve recompensar pelo valor do dinheiro no tempo, a inflação esperada e o risco associado ao destino desse capital. Portanto, essa taxa é formada em sua essência por: TNLR + PR, isto é, Taxa Nominal Livre de Risco Mais Prêmio pelo Risco. Nesse artigo não vou entrar em muitos detalhes de como calcular o custo de capital (farei isso em outro). O mais importante é entender o conceito de que a empresa só cria valor em um período quando realiza lucro econômico, isto é, levando em conta também o desconto do custo de capital empregado.
Um analista de investimentos usa a teoria de finanças chamada Valuation para precificar empresas e os ativos financeiros (como ações) que representam essas empresas. E essa teoria reconhece que o instrumento mais completo para a precificação de empresas e ativos é o Fluxo de Caixa Descontado. O FCD utiliza uma taxa de desconto para encontrar o valor presente líquido de um ativo ou empresa. Isto é, ela projeta lucros futuros e o valor terminal da empresa e depois soma esses lucros e valor terminal descontados pela taxa de juros para encontrar quanto vale a empresa hoje.
Uma pergunta que vocês devem estar se fazendo (caso tenham lido até aqui!!! he, he) agora: E o que isso tem a ver comigo e com o projeto em que eu estou trabalhando? Tem tudo a ver! Uma empresa nada mais é que o conjunto de decisões de investimento e projetos realizados no passado pela empresa, bem como projetos atuais que gerarão resultados futuros. O projeto em que você está trabalhando imobiliza capital da empresa que poderia ser usado em outro investimento. Portanto, espera-se que ele não só gere lucro, mas sim valor adicional acima do custo de oportunidade do capital empregado.
O método do Valor Presente Líquido também pode ser usado para um projeto específico e é um dos melhores para verificar se um projeto criará valor e também para comparar investimentos em projetos distintos. Um exemplo para entender como se fazem essas comparações:
Assumindo a mesma taxa de desconto de 20% para os três projetos.
Projeto 1:
Período Zero: -100.000,00
Período Um: 50.000,00 / (1 + 0,20) = 41.666,00
Período Dois: 50.000,00 / (1 + 0,20) ao quadrado = 34.722,00
VPL = -23.612,00
Projeto 2:
Período Zero: -100.000,00
Período Um: 100.000,00 / (1 + 0,20) = 83.333,00
Período Dois: 50.000,00 / (1 + 0,20) ao quadrado = 34.722,00
VPL = 18.055,00
Projeto 3:
Período Zero: -100.000,00
Período Um: 50.000,00 / (1 + 0,20) = 41.666,00
Período Dois: 100.000,00 / (1 + 0,20) ao quadrado = 69.444,00
VPL = 11.110,00
O projeto 1 destrói valor e os projetos 2 e 3 criam valor para a empresa. Sendo que o projeto 2 cria mais valor que o projeto 3. Note como a geração de receitas nos primeiros períodos é potencializada devido ao valor do dinheiro no tempo. Isso é muito importante para entender todo o conceito de criação/destruição de valor.
Agora que ficou mais claro o conceito de criação ou destruição de valor, vou aproveitar para mostrar como o processo de desenvolvimento de produtos pode gerar vantagem competitiva e aumento de valor quando bem empregado. Veremos também como o time to market e a gestão de releases de forma iterativa e bem planejada (do ponto de vista financeiro e técnico) se tornam ainda mais importantes quando analisamos um investimento com o ponto de vista do custo de oportunidade.
Primeiro vamos supor um sistema que demorará dois anos para ter todas as funcionalidades criadas (isto é, só será implantado no final do segundo ano. E sim, existem muitos projetos de TI ainda sendo feitos desse jeito, infelizmente) e vamos avaliar um ano de rendimentos desse projeto. Portanto, uma análise de três anos. Vamos usar uma periodicidade semestral para avaliar o fluxo de caixa descontado e definir como 5% a taxa de desconto semestral no período de análise:
Isso significa que nos 3 primeiros anos o projeto destruiu valor da empresa. Espera-se que do semestre 7 em diante isso se reverta. Exemplo:
Semestre 7: 125.000 / (1 + 0,05) a sexta = 93.276
VPL no semestre 7 (3 anos e meio) = 93.276 – 46.108 = 47.168
Agora vamos considerar o mesmo sistema, mas tendo lançamentos em produção a cada seis meses. Segundo Smith e Reinertsen, o lançamento no mercado antes dos concorrentes já gera um efeito de aumento de vendas e na margem de lucro que pode ser considerada. Mas nem vamos considerar esse efeito. Vamos considerar que a primeira versão, com um quarto das funcionalidades, consegue trazer em torno de 25% da receita. E essa receita vai aumentando a cada novo release com mais funcionalidades. Além disso, considerei um ganho um pouco menor nos semestres 5 e 6:
Note que apenas mudando a estratégia da empresa conseguimos já no sexto semestre criar valor para a empresa. Se seguirmos para o semestre 7:
Semestre 7: 125.000 / (1 + 0,05) a sexta = 93.276
VPL no semestre 7 (3 anos e meio) = 93.276 + 31.431 = 125.157
Isso significa que a estratégia de releases curtos gerou 2,65 vezes mais valor que a estratégia de um único release gigantesco. Essa demonstração matemática e financeira explica quantitativamente a intuição de que entregas (releases) curtas em produção tendem, na grande maioria dos casos, a gerar maior valor que uma única entrega big-bang.
Como disse Jim Highsmith: “Métodos ágeis possuem o potencial de realizar uma gigantesca diferença na vantagem competitiva de uma empresa. A fórmula para o sucesso é simples: entregue hoje, adapte amanhã e continuamente. Apesar de este parecer um princípio simples ele precisa ser enfatizado o tempo todo para que os colaboradores da empresa nunca se esqueçam. Quando organizações ficam maiores, quando o compliance toma mais e mais o tempo do time, quando gaps de comunicação entre clientes e o time aumentam e quando os planos de projeto focam mais em artefatos intermediários intermináveis, entregar algo que gera valor para a empresa e para os clientes se perde”.
Essa análise interessante de Jim Highsmith fica mais fácil de compreender com os métodos financeiros quantitativos da medição de valor. Ela pode ser óbvia, mas como o próprio Highsmith comenta, isso muitas vezes se perde no dia a dia.
Como Steve Tockey já havia dito em seu livro “Return on Software”: só evoluiremos para uma verdadeira engenharia de software (e melhoraremos nossos números de sucesso) quando usarmos a engenharia econômica para tomar as decisões do dia a dia dos projetos de TI.
É claro que os números acima são estimativas de um único valor e que não levam em conta a incerteza. Em um próximo artigo vou mostrar algumas ferramentas fundamentais e fantásticas para quantificarmos as incertezas das estimativas, tanto de custos quanto de benefícios. Fiquem ligados... vai ser mind-blowing :-) !
Referências bibliográficas para aprofundamento em Finanças Corporativas e Orçamentação de Capital:
Lapponi - Projetos de Investimento na Empresa
Titman e Martin - Valuation
Póvoa - Como precificar ações
Smith e Reinertsen - Developing Products in half the time
Assaf Neto - Curso de Administração Financeira
Grinblatt e Titman - Mercados Financeiros e Estratégia Corporativa
Highsmith - Agile Project Management, 2nd Edition
Cálculos de in-memory também são evocados para tornar análise mais rápida e precisa
Escuta-se muito o termo "tempo real" dos fornecedores de BI, mas eles raramente falam em resposta por subminuto ou por subsegundo. Você pode usar técnicas como integração trickle-feed ou mudança na captura de dados para fazer um data warehouse convencional chegar à latência em subminuto, mas pode dar mais trabalho e ser mais caro do que os processos de fluxo alternativos.
BI de baixa latência, monitoramento mais rápido das atividades do negócio e processamento de eventos complexos de latência ultrabaixa são alguns dos exemplos de tecnologias de processamento de fluxo. Eles, geralmente, incluem alertas instantâneos para que se possa reagir quando um evento ou padrão em particular é identificado. Mas nestas velocidades - desde alguns segundos em BI de baixa latência até os milissegundos de processamento de evento complexo - muitas empresas precisam também unir baixa latência com resposta automática.
Na Insurance.com, manter um site de comércio eletrônico com alto tráfego requer monitoramento em tempo real de, pelo menos, uma dúzia de sistemas que dão suporte ao negócio, desde a plataforma e algoritmos de reconhecimento de consumidores até servidores web. A empresa criou um aplicativo de monitoramento em 2004, mas no começo de 2008 ele já estava deixando a desejar. "O ponto crucial veio quando a Insurance.com decidiu monitorar a taxa de ligações por estado", contou Scott Noerr, diretor de serviços de TI. A atualização do aplicativo tomaria entre seis e oito semanas de três desenvolvedores.
A análise criação versus compra acabou em março de 2008 com a escolha do Cognos Now, da IBM, uma ferramenta no formato de painel de monitoramento que se encaixa na categoria BI de baixa latência. A área de TI notou a necessidade de monitoramento enquanto desenvolvia alerta, escalada e interface de gráficos customizados que o aplicativo autóctone carecia. A Insurance.com considerou ferramentas específicas de TI para monitoramento de rede, site e desempenho, mas isso precisaria de uma miscelânea de ferramentas que não davam boa aparência para a interface. Como muitos dos produtos de BI, o Cognos Now, da IBM, foi desenvolvido para ser utilizado em uma grande variedade de sistemas e tipo de dados. A implementação demorou seis semanas e precisou de uma equipe completamente dedicada.
A função para alertas foi a primeira grande diferença, "porque nós não precisamos mais ficar de olho na interface para descobrir se temos um problema", explicou Noerr. Mas a grande esperança para aumentar os lucros vem das funções de escalada e automação adicionadas há pouco tempo. Um aplicativo monitora 15 variáveis para determinar a capacidade dos agentes do call center. Quando ele identifica excesso de capacidade, ajusta, automaticamente, o software de relacionamento com cliente (CRM) para enviar orientações aos agentes com mais rapidez.
O segundo aplicativo monitora os processos dos consumidores e envia alertas aos gerentes designados em caso de detecção de falhas no desempenho. Se a condição persistir, os alertas aumentam e chegam para os executivos mais altos.
Processamento de eventos complexos é uma tecnologia que as empresas estão começando a usar com mais amplitude para fazer monitoramento mais perto do tempo real. Surgidos em laboratórios e em desenvolvimentos personalizados nas corretoras de Wall Street nos anos 90, tornou-se produto comercial - "de prateleira" - nos últimos cinco anos. Os principais usos são nas áreas de cadeia de suprimentos, entregas e logística, varejo e utilities.
A gigante de entregas UPS, por exemplo, não apenas transformou a fornecedora Truviso em um dos padrões corporativos, como também investiu na iniciante (startup). Decidiu que precisava substituir um aplicativo legado que rastreava e fazia balanceamento de carga (load balancing) para aproximadamente 50 milhões de transições feitas por visitantes do USP.com, assim como pedidos de envio feitos por meio do aplicativo WorldShip, baseado em PC.
O antigo sistema fazia o clássico relatório "retrovisor" - coletava dados de log do servidor toda noite e informava as tentativas de transações, as bem-sucedidas e as falhas de cada servidor, toda manhã. "Quando os problemas começavam a aparecer e as pessoas perguntavam ‘o que vocês vêem?", tudo que podíamos dizer era saberemos amanhã, relatou Jim Saddel, um dos gerentes de sistemas da UPS. "Hoje podemos olhar para o painel e ver imediatamente se se trata de um problema geral ou se é um problema isolado em um servidor específico." A empresa atualizou seu padrão Truviso em abril e o complementou com alertas de e-mail e de texto. Quando os gerentes recebem uma notificação, eles podem investigar e, com sorte, prevenir uma pane.
Muitos fornecedores falam muito bem da opção de mover BI para áreas operacionais como as da Insurance.com e UPS. Mas tecnologias lentas e baseadas em batch são, com muita frequência, um modelo que não consegue acompanhar as decisões que devem ser feitas de repente. As tecnologias de processamento de fluxo prometem tornar realidade os relatórios em tempo real, painéis e aplicativos para suporte de decisões. Comprometa-se com in-memory
O terceiro elemento convocado para mudar BI é a análise mais rápida possível, que usa os cálculos in-memory. Estas ferramentas podem, rapidamente, dividir e analisar grandes conjuntos de dados sem recorrer a dados resumidos, cubos pré-construídos ou tuning intensivo de banco de dados. Produtos como o Spotfire, da Tibco; o Applix TM1, da IBM e agora conhecido como Cognos TM1; e o QlikTech foram os pioneiros da categoria e, recentemente, outros fornecedores entraram no mercado ou apresentaram planos para isso. A Microsoft, por exemplo, planeja adicionar análise in-memory no lançamento do serviror SQL 2008 R2, no ano que vem. E a MicroStrategy acrescentou à sua suite de BI a habilidade de análise in-memory opcional em janeiro deste ano.
O poder e a atração dos produtos in-memory cresceram nos últimos anos, conforme as tecnologias multicore, multitarefa e de servidores 64-bit se tornaram mais comuns e acessíveis. O avanço em hardware permite que os produtos deste tipo analisem o equivalente a múltiplos data marts ou, até mesmo, pequenos warehouses em RAM. Esta tecnologia também elimina ou, ao menos, minimiza, a necessidade de preparação de dados estendidos e desempenho de tuning pela área de TI. Para os usuários finais, significa serviços de BI mais rápidos sem precisar esperar na fila de TI.
A SAP abalou as abordagens de in-memory com o BusinessObjects Explorer, que mescla o estilo de busca da internet pela interface Polestar com as análises in-memory da ferramenta Business Warehouse Accelerator. O produto está disponível com ou sem a tecnologia 64-bit in-memory, mas sem ela é apenas uma ferramenta com o estilo de busca na internet. A maior limitação: acessa dados apenas por meio do Business Warehouse. Uma atualização que permite acesso a várias fontes de dados já é esperada.
Sara Lee é uma empresa beta-tester do Explorer que virou cliente. Após completar o piloto, a empresa de alimentos comprou o sistema com expectativas de que a velocidade permitirá que, um dia, eles abram BI para mais empregados. A Sara Lee vai testar o Explorer em duas áreas. Primeiro, seu grupo de aperfeiçoamento contínuo irá usá-lo para ajudar a otimizar processos como purchase-to-pay e order-to-cash. Isso requer análise país a país para saber quais unidades têm o melhor e o pior desempenho e por que. "Responder a essas perguntas fica mais fácil quando se tem rápida navegação em dados", disse o diretor de gerenciamento de informação global da Sara Lee, Vincent Vloemans.
Em segundo, a unidade de finanças, na Europa, acredita que respostas mais rápidas aprimoram os relatórios padrão de BI. "Essas pessoas planejam e reavaliam o negócio constantemente e também acabam recebendo muitas questões como suposições, vindas de gerentes-sêniores, para as quais eles não têm relatórios pré-definidos", declarou Vloemans.
Se essas duas implementações forem bem-sucedidas, ele acredita que essas ferramentas podem ser expostas para toda a empresa. Mas isso requer controles de segurança e cuidados com os perigos da má inteligência - como acreditar que as "vendas" podem ser medidas da mesma forma nas diferentes unidades do negócio. Vloemans avisa que isso é um problema geral de BI, mas quando se dá uma ferramenta poderosa para um número maior de usuários, é preciso ter uma ideia de como as pessoas interpretarão os dados.
Seus funcionários querem velocidade - pesquisa rápida de dados e análise são citados mais do que qualquer outra função entre as mais importantes de BI. Visões em tempo real e previsões caem na lista, embora não seja surpresa já que são habilidades pouco familiares para grande parte dos praticantes de BI.
Pesquisa e análise são tão antigos quanto o conceito de business intelligence e quem não quer uma versão mais simples e mais rápida do que já se usa todos os dias? Mas não se iluda: enquanto previsões e visões em tempo real são habilidades distantes para muitos, elas apresentarão riscos em poucos anos.
por Doug Henschen | InformationWeek EUA 16/12/2009
"Fazer duas coisas de uma vez é não fazer nenhuma delas." - Publilius
"O cérebro é muito parecido com um computador. Você pode ter várias telas abertas em seu desktop, mas só pode pensar nelas uma por vez." - William Stixrud, Phd em Neuropsiquiatria
Continuando a série sobre gestão de portfólio de projetos, neste artigo tratarei de um dos principais impedimentos a uma maior geração de valor por parte de projetos de TI: escassez de profissionais e sobrecarga de pessoas e recursos financeiros.
Um dos problemas sérios em muitas empresas é a multi-tarefa. Quando um indivíduo trabalha em duas tarefas simultaneamente o ciclo de ambas é impactado diretamente. Ainda que não houvesse perda de produtividade, quando um trabalhador divide seu tempo para trabalhar em duas atividades ambas vão levar o dobro do tempo para finalizar. Dividir pessoas entre diversos projetos tende a gerar o mesmo efeito negativo no tempo de entrega. Além do efeito acima, já se comprovou através de pesquisas que a multi-tarefa e a troca constante entre projetos reduz a produtividade de uma pessoa.
De acordo com Smith e Reinertsen, dois mestres da prática e estudo de processos de desenvolvimento de produtos: “Você pode pagar uma pequena penalidade ao dedicar uma pessoa ao projeto do início ao fim. Em retorno por essa penalidade você terá um grande retorno em tempo de entrega, que geralmente vale mais dinheiro. Além disso, caso você tenha especialistas generalistas em sua equipe, essa penalidade será quase insignificante”.
Muitos executivos podem então questionar: mas se eu dedicar cada pessoa a um único projeto até seu fim não conseguirei tocar os X projetos que estão em meu backlog. É por isso que a solução para esse problema é simples, do ponto de vista da gestão de portfólio de projetos: Controle contínuo e religioso da lista de projetos. Conforme vimos no meu artigo anterior, muitas empresas estão trabalhando, investindo e desperdiçando dinheiro e tempo em mais projetos do que deveriam. Vários desses projetos são menos interessantes financeiramente(às vezes gerando até prejuízo, considerando o valor presente líquido) que outros. Porém a mera existência deles acaba drenando o pool de recursos e investimentos da empresa.
Reinertsen e Smith descrevem alguns casos práticos de controle religioso de projetos. Uma empresa diminuiu o número de projetos pela metade. Com isso, ela conseguiu desenvolver os projetos restantes duas vezes mais rápido com o mesmo número de pessoas e recursos financeiros. Outra empresa diminuiu a lista de 114 projetos para 17! Essa empresa conseguiu entregar todos os projetos no prazo, sendo que anteriormente não entregava nenhum deles.
Uma maneira comum nas empresas para alocar pessoas em projetos é analisar os projetos definidos e então dividir as pessoas disponíveis entre eles. Porém, a melhor forma de fazer a alocação de pessoas é através de priorização e ranking de projetos. Nesse outro modelo, primeiro deve-se usar técnicas de priorização de projetos (tema de meu próximo artigo!) para ordenar do mais importante para o menos importante cada um dos projetos. Feito isso você aloca a quantidade necessária de recursos financeiros e pessoas (se possível os mais seniores) para o projeto mais prioritário da lista. Depois passe para o segundo projeto e aloque outros recursos que ainda não tenham sido alocados. Continue fazendo isso até que todos estejam alocados. Qualquer projeto remanescente não é iniciado até que os projetos prioritários se completem e liberem recursos.
É claro que pode-se também recorrer à terceirização e ao outsourcing. Mas é preciso sempre lembrar que essas estratégias também consomem recursos internos da empresa (pessoas para gerenciar e definir requisitos para os terceiros e dinheiro para pagá-los).
Algumas dessas idéias e dicas parecem óbvias. Mas a realidade é que Smith e Reinertsen detectaram que em muitas empresas o que ocorre é a seguinte situação: é mais fácil dizer para o chefe ou para o cliente que você está trabalhando em seu projeto que explicar que você não irá começá-lo até que tenha recursos adequados. E é exatamente esse comportamento disfuncional que incha a empresa de projetos e acaba levando muitas a uma paralisia por sobrecarga.