Dia desses o Google liberou milhares de convites do Wave, e com mais gente testando a ferramenta (inclusive eu), as opiniões, críticas e reclamações da nova ferramenta de trabalho colaborativo começaram a surgir.
Minha opinião: o Google Wave passa por uma crise de identidade ainda. Ou, então, o conceito do Google Wave é tão avançado que ninguém conseguiu captá-lo muito bem. Outra hipótese: o sistema é conceitualmente falho, e cairá no esquecimento, sendo lembrado apenas como um exemplar overhyped.
O Google anunciou o Wave como “o e-mail, caso ele fosse inventado hoje”. Essa pegada de e-mail é facilmente percebida ao acessá-lo pela primeira vez. São facilmente notados, também, influências do Google Talk (bate-papo), Grupos (lista de discussão) e alguns outros web services exaustivamente usados em nosso cotidiano.
Na teoria, tinha tudo para dar certo. Mas essa crise de identidade mata todas as possibilidades de aplicação da ferramenta. Uma série de erros estruturais, como a “importação” compulsória da lista de contatos do Gmail (que é uma bagunça por natureza), ações óbvias inexistentes ou escondidas, falta de controle, dentre outras, acabam com a graça do negócio. É difícil manter o foco numa coisa só, aquela sensação de bagunça que comentei no outro texto, e disse, lá mesmo, inexistir, na realidade existe. Só errei o alvo: ela não reside no visual, mas sim no uso.
Robert Scoble, figurinha fácil da web americana, também não foi com a cara do Wave, e após extravasar isso num post e ser contestado por muitos leitores, pôs os pingos nos ís e explicou, detalhe a detalhe, o que faz do Wave uma ferramenta improdutiva e, nem de longe, substituta do e-mail – mais ou menos o que escrevi, de forma bem resumida, nos parágrafos acima.
Gina Trapani, fundadora do Lifehacker, compilou uma lista de opiniões colhidas no Twitter sobre o Wave. Muita gente cética e decepcionada com a ferramenta, uns poucos esperançosos (e muitos deles ainda sem acesso ao serviço).
Para tentar explicar melhor ao mundo a maravilha que o Wave é (ou deveria ser), o Google encomendou um vídeo ao Epipheo, daqueles engraçadinhos/desenhados, estilo CommonCraft. Ficou legal, vejam:
Legal, mas não sei se suficiente para moldar a imagem do serviço – que já não apresenta o mesmo brilho aos olhos da comunidade do período “fechado”.
O Google Wave morrerá na praia? É cedo para dizer. Ele falha como substituto do e-mail, transforma sua vida num inferno dependendo da quantidade de waves assinadas, mas dali algo pode sair, principalmente no que toca à API. Já existem sisteminhas e bots que fazem várias coisas, e dali pode sair o redentor do Wave, o que, mesmo que aconteça, soa estranho – em regra, o serviço original faz sucesso, e os complementos apenas… o complementa! Vide o caso Firefox e extensões.
Nos acostumamos a esperar, do Google, sempre o melhor. Mas nos esquecemos de coisas que não emplacaram. Uma das mais traumatizantes de que me recordo é a primeira versão do hoje excelente Google Reader. Sério, era impossível de ser usada, de tão ruim. Ver o Wave nascer de maneira tão conturbada coloca uma grande interrogação acima do serviço: será mais um caso de serviço que demora um pouco para emplacar, ou mais um para a coleção de ideias que, inovadoras ou não, simplesmente não deram certo?
Por Rodrigo Ghedin no Meio Bit Tecnologia em 4 Outubro, 2009 - 21:07
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